HISTÓRIA DE UM JÚRI
(por Humberto Ribeiro de Queiroz)
Por
júri se chama julgamento
Em
economia e popular linguagem,
E
lá estavam réu e vítima,
De
homicídio tentado, acusado um,
E
o outro a implorar mudo perdão,
Seus
erros reconhecidos
Na
brutal agressão, da qual
O
réu o espantara com um tiro para o chão.
Ocorre
que do chão tiro,
As
nádegas da vítima atingiu,
E
em sangramento a hospital baixou.
O
laudo da perícia, miseravelmente elaborado,
Deu
ensejo ao promotor para taxar a defesa
De
tentativa dolosa de homicídio simples.
A
júri vai o réu, e nosso escritório –
Por
legítima defesa se propõe livrá-lo.
Debates
travados, jurados tensos,
Contempla
a Promotora atuante,
Réu
e vítima arrependidos, amigos como outrora -
Dois
velhos - de tanto demorou o júri.
Negar
a promotoria que por trás o tiro fora
Alojar-se
em nádegas de quem corria,
Jamais
se poderia, que ambos assim contaram.
Mas,
em que letal ameaça permaneceu a vítima
Não
podia a Promotoria provar com ciência e cabimento.
Conflitavam
a técnica jurídica e a verdade
Em
espinhoso campo de justiça e normas,
Eis
que senão quando irrompe a Promotora –
Que
só mulher sabe faze-lo -, e, em último dizer da acusação
Aos
jurados pede, eloquente e séria,
Que
por perdão também julgassem
O
quadro de perdão que no Plenário se via.
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