sábado, 6 de julho de 2013

A BERLINDA DO TRIBUNAL DE CONTAS



            Do que se tem lido e ouvido sobre o affaire Assembléia Legislativa e Tribunal de Contas paranaenses, a conclusão primária vem na simplicidade da via que conduz a uma ótica apendicitária, isto é, o TC paranaense (os TCs já foram cognominados no país como “Gaiolas de Ouro”) tornou-se em apêndice do Poder Legislativo e, depois de tantos anos de calmaria em “mar de Almirante’’, está sendo sacudido por intensas dores sintomáticas de apendicite. No corpo humano, o apêndice corresponde a uma pequena parte do intestino delgado, formando uma espécie de bolsa, cuja função a medicina pretende que seja defesa do organismo, pelo exército que ajunta de bactérias boas.

            Na via apendicitária – já que só deputados são “eleitos” para o organismo defensor da lisura das contas e contabilidades públicas do Governo do Estado e administrações municipais, todos distantes dos requisitos técnicos que, não fora a lei, o específico desempenho funcional exige – a situação só agasalha um diagnóstico: apendicite, que em medicina se tem por  inflamação do apêndice, um pequeno órgão linfático parecido com o dedo de uma luva”. A ciência médica adverte que grande problema pode surgir quando tal doença não é tratada a tempo e proclama que a cirurgia é o único tratamento.  Como a via eleita é simbólica, a cirurgia não precisa significar extinção do TC nem da Assembléia (ruim com eles, pior sem eles), mas, uma mudança de regime operacional para prover um Conselho das Contas Públicas.

 Contas não são julgadas, pois não há o contraditório; contas são dadas como aceitas ou recusadas, para as devidas conseqüências, que estão fora das atribuições do Órgão, mesmo com a denominação pomposa de Tribunal. Primeiramente, o abandono de configuração do órgão como Tribunal, para coibir a isonomia dos salários, benesses e privilégios com o Poder Judiciário. Depois a troca da vitaliciedade por mandato por tempo determinado, sem reeleição. Urge um tratamento clínico, com base na história dos pacientes: o institucional e o (nos termos atuais) caudatário.

Com efeito, se isso não acontecer, a inflamação do apêndice pode mesmo provocar a morte da ética, da moral e da Ciência Política,a qual, se presume, venha a ser princípios, conceitos, normas e práticas que devem resultar no bem estar da coletividade e não de alguns felizardos dos aglomerados corporativos da República. 

Se nada acontecer um sinal epidêmico está no ar. Falta de apetite é o principal sintoma.

(Por Humberto Ribeiro de Queiroz)

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