segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Projeto que obriga divorciados ou viúvos a fazer testamento gera polêmica

 
Quem é divorciado ou viúvo e pensa em se casar novamente pode passar a ser obrigado a fazer um testamento. Projeto (PL 3836/12) em tramitação na Câmara altera o Código Civil (Lei 10.406/02) e prevê ainda que o testamento deverá ser confirmado todo ano.

A intenção do autor da proposta, deputado Valtenir Pereira, do PSB de Mato Grosso, é evitar o constrangimento da discussão da herança, facilitando a partilha dos bens deixados pelo falecido.

"E isso vai ajudar a Justiça a resolver todo esse imbróglio criado porque, dentro da relações de família, é uma relação... Principalmente quando há duas ou mais famílias constituídas muitas vezes não se chega a um consenso, a um bom termo e o Judiciário tem que decidir. E, através do testamento, o falecido manifesta sua vontade, o seu desejo."

O presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), Rodrigo da Cunha Pereira, é contra a proposta.

"Porque não faz sentido obrigar alguém a fazer um testamento. O testamento é livre. Deveria ser feito um incentivo e não uma obrigação de fazer o testamento. Esse testamento, acho que fica contraditório com a sua natureza, que é a sua liberdade de dispor sobre os seus bens."

Rodrigo da Cunha afirma que a proposta não vai diminuir as brigas judiciais. Mas o deputado Valtenir Pereira cita sua experiência como defensor público, em que atuou na área de família, como uma motivação para apresentar o projeto. Ele afirma que, no momento de fazer o inventário de um falecido com uma ou mais famílias, havia sempre um litígio.

Segundo o IBGE, hoje, praticamente 1 em cada 5 casamentos tem pelo menos um dos cônjuges viúvo ou divorciado. O projeto que obriga a elaboração de testamentos por esses cônjuges está em análise na Comissão de Constituição e Justiça.

De Brasília, Luiz Cláudio Canuto

Fonte: Agência Cãmara

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