Sinal dos tempos?
O governador do nosso estado vem
de anunciar a disponibilização de mais duas mil vagas prisionais, sob os
encômios da administração da secretaria de justiça estadual. Mesmo não se
podendo negar o zelo do gestor numa área de grande preocupação social, como a
segregação dos delinqüentes, sem dúvidas que melhor seria a proclamação pela
secretaria da educação da oportunização de duas mil vagas educacionais nos
diversos níveis.
A quanto cresce a criminalidade
numa sociedade que permitiu a deterioração de valores fundamentais como
família, escola, honra, responsabilidade (a fiscal retornou por lei especial),
vida, rua, avenida, cidade, pátria, vizinhança, solidariedade?
A partir da constatação da ação
policial de aprisionamento nas próprias delegacias até o julgamento e
transferência para situações mais apropriadas, e, daí, até os presídios ditos
de segurança máxima, o que se tem é um crescimento, no mínimo, assustador. Não
há mais faixa etária nem condição social. Basta ser humano, sofrer pressão,
convite ou indução. Embora seja milenar que
“o crime não compensa” há uma vestidura muito usada para ele,
tecida, muitas vezes, pelo próprio dissidente do bem, que se pode ver como
consistente numa “retribuição do que me
falta”.
Indo a fundo, a falta não é,
realmente, de coisas, mas, daquele sopro que ficou na periferia da alma. Não a
preencheu, a não ser para viver, “como todos vivem” (fazendo o que lhe dá na
telha). Uma vida com propósito exclui qualquer forma de delinqüência, desde o
tapa mais suave ao tiro de escopeta.
Mas é preciso começar cedo, ao
sol das manhãs de infância e juventude. Ao meio dia da vida deveríamos estar
preparados para o almoço que vai nutrir nossos passos no caminho de grandes,
médias ou pequenas realizações, mas todas com a disposição de nossa alma
preenchida pelo sopro de Deus, o Criador.
Até quando vamos nos contentar em
construir, mais e mais presídios?
(Por Dr. Humberto Ribeiro de Queiroz)
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