Assistindo ontem a uma sessão do Tribunal do Júri, tentando acompanhar as recentes alterações para o júri que faremos na próxima terça, dia 28/04, não posso deixar de dividir minhas impressões.
O réu era um garoto de 21 anos que à época do crime tinha 19. Agrediu duas crianças com uma ferramenta.
A promotoria apontou motivação em uma vingança a respeito de ter sido o réu chamado de ladrão pela mãe das crianças após uma tentativa frustrada de furtar-lhes um vídeo game.
Todos eram catadores de papel e vivem numa espécie de cortiço no Parolin.
O réu era viciado em craque.
O laudo do psiquiatra afirmou que não, ele apenas era um usuário abusivo, e, não sendo um viciado não merecia tratamento. Disse ainda o laudo que ele não se beneficiaria de tratamento psicológico, pois era uma pessoa que fazia de tudo para satisfazer os seus próprios desejos, devendo ser afastado da sociedade.
O advogado era dativo e, confesso, assistindo-lhe a defesa abaixei a cabeça muitas vezes, envergonhada por ser advogada.
O réu não tinha parentes assistindo ao júri, sequer sua mãe estava lá torcendo por ele.
Era um garotão bem bonito que até outro dia ainda estava protegido pelo ECA.
Primário, menor de 21 ao tempo do crime e confesso, o que lhe atenuava a pena.
As crianças hoje estão bem de saúde (tirando o trauma psicológico que certamente adveio do episódio). Com muita sorte, talvez em breve não sejam também usuárias abusivas de craque que não mereçam tratamento e devam ser afastadas da sociedade.
As atenuantes não lhe serviram de muita coisa: Bruno Jeremias foi condenado a 12 anos e meio de prisão por dupla tentativa de homicídio.
Eu me perguntei (e estou me perguntando até agora) se a sociedade lucrou alguma coisa com isso.
Se eu pudesse defender o rapaz, teria chamado a atenção para o fato de que naquela sessão do tribunal do Júri não haviam réus, apenas vítimas; tanto as crianças agredidas, sua mãe e o próprio condenado eram, na verdade vítimas.
Talvez eu tivesse convidado os jurados para se sentarem comigo no banco dos réus e, então, pudéssemos ser julgados como responsáveis por essa desgraceira toda de pobreza e drogas, más escolhas políticas e omissões sociais.
Espero que um psiquiatra não nos descubra e conte pra todo mundo que somos pessoas que fazemos de tudo para satisfazermos nossos próprios desejos e que devemos ser afastadas da sociedade.
O réu era um garoto de 21 anos que à época do crime tinha 19. Agrediu duas crianças com uma ferramenta.
A promotoria apontou motivação em uma vingança a respeito de ter sido o réu chamado de ladrão pela mãe das crianças após uma tentativa frustrada de furtar-lhes um vídeo game.
Todos eram catadores de papel e vivem numa espécie de cortiço no Parolin.
O réu era viciado em craque.
O laudo do psiquiatra afirmou que não, ele apenas era um usuário abusivo, e, não sendo um viciado não merecia tratamento. Disse ainda o laudo que ele não se beneficiaria de tratamento psicológico, pois era uma pessoa que fazia de tudo para satisfazer os seus próprios desejos, devendo ser afastado da sociedade.
O advogado era dativo e, confesso, assistindo-lhe a defesa abaixei a cabeça muitas vezes, envergonhada por ser advogada.
O réu não tinha parentes assistindo ao júri, sequer sua mãe estava lá torcendo por ele.
Era um garotão bem bonito que até outro dia ainda estava protegido pelo ECA.
Primário, menor de 21 ao tempo do crime e confesso, o que lhe atenuava a pena.
As crianças hoje estão bem de saúde (tirando o trauma psicológico que certamente adveio do episódio). Com muita sorte, talvez em breve não sejam também usuárias abusivas de craque que não mereçam tratamento e devam ser afastadas da sociedade.
As atenuantes não lhe serviram de muita coisa: Bruno Jeremias foi condenado a 12 anos e meio de prisão por dupla tentativa de homicídio.
Eu me perguntei (e estou me perguntando até agora) se a sociedade lucrou alguma coisa com isso.
Se eu pudesse defender o rapaz, teria chamado a atenção para o fato de que naquela sessão do tribunal do Júri não haviam réus, apenas vítimas; tanto as crianças agredidas, sua mãe e o próprio condenado eram, na verdade vítimas.
Talvez eu tivesse convidado os jurados para se sentarem comigo no banco dos réus e, então, pudéssemos ser julgados como responsáveis por essa desgraceira toda de pobreza e drogas, más escolhas políticas e omissões sociais.
Espero que um psiquiatra não nos descubra e conte pra todo mundo que somos pessoas que fazemos de tudo para satisfazermos nossos próprios desejos e que devemos ser afastadas da sociedade.
Deus nos livre de nós mesmos!
(Tânia Mandarino)
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